Numa sessão que serviu de montra para a resposta que várias entidades públicas, privadas e de acção social têm dado perante a pandemia global de covid-19, ouviu-se que “a necessidade aguça o engenho”. Com o tema Inteligência urbana na resposta à emergência social, CTT, ESRI, União das Misericórdias Portuguesas e Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso mostraram ter já no terreno respostas para ajudar cidadãos e economia.

Esta quarta-feira realizou-se mais um webinar organizado pelo NOVA Cidade, a rede ligada à inteligência urbana dinamizada pela NOVA IMS, da Universidade Nova de Lisboa. Numa sessão liderada por António Almeida Henriques, presidente da câmara municipal de Viseu e coordenador da Secção “Cidades Inteligentes” da Associação Nacional de Municípios Portugueses (ANMP,) e por Miguel de Castro Neto, subdirector da NOVA IMS e coordenador do NOVA Cidade – Urban Analytics Lab, destacou-se a resposta que várias entidades nacionais estão a dar perante a actual crise de saúde pública, motivada pela propagação da doença covid-19.

A sessão contou com a presença do presidente dos CTT, José Bento, e do director executivo da empresa de sistemas de informação geográfica ESRI Portugal, Rui Sabino. O webinar foi transmitido on-line e, com a participação de todos os intervenientes à distância, enquadrou a resposta que estas entidades estão a prestar face à actual crise de saúde pública.

O responsável do serviço postal destacou o papel de uma empresa que visita “todas as residências todos os dias”, ligando “pessoas e empresas”, mas ligando também “[as] pessoas [às] empresas”. José Bento sublinhou o actual desafio de “cruzar a dificuldade entre manter as pessoas em casa e manter a actividade económica”. Nesse sentido, revelou, os CTT “aceleraram muito” alguns projectos da área digital “para responder ao que se está a passar”, exemplificando com a iniciativa lançada em parceria “com a Associação Nacional de Farmácias”, que, nestes dias, tem resultado em “mais de mil entregas por dia” de medicamentos ao domicílio. O dirigente do serviço postal revelou ainda ter coordenado com o ministério da Economia a criação de lojas on-line para pequenos comerciantes, num pacote de serviços que inclui “ter uma forma de pagar, entregar, gerar devoluções e promover uma logística que faça com que as compras cheguem depressa”. Este “era um projecto antigo que acelerámos muito”, contou durante a sessão, realçando a necessidade de fazer os projectos “andar depressa” neste momento.

Por seu lado, a ESRI, através da participação do seu director executivo, fez notar o trabalho que está a ser desenvolvido em parceria com vários municípios nacionais, recorrendo ao software de mapeamento da empresa. Rui Sabino comentou o desenvolvimento, no meio da crise pandémica, de “muitas aplicações” de georreferenciação, destacando várias utilizações para o contexto actual: o mapeamento de idosos, auxiliando os municípios e as autoridades competentes na sua actuação, a identificação de “áreas que estão desinfectadas”, ajustando a actuação de equipas de higiene urbana, ou até a referenciação do comércio local aberto e dos produtores alimentares com necessidades de escoamento da produção.

“Os dados salvam vidas”, frisou o responsável pela ESRI Portugal.

A intervenção de Humberto Carneiro, provedor da Santa Casa da Misericórdia da Póvoa de Lanhoso, deu também sentido à declaração da importância dos dados, que deu conta da plataforma de gestão de tarefas e actividades (GTA) utilizada pela sua instituição e que permite que prestadores de cuidados ao domicílio consultem “as informações dos utentes” e a necessidade de realização de determinadas tarefas através do smartphone. A utilização desta plataforma, afirmou, pode ainda adaptar-se ao contexto hospitalar e à realização de tarefas de desinfecção de habitações, permitindo a diminuição do tempo de resposta aos cidadãos.

Em tempo de pandemia, “a necessidade aguça o engenho”, realçou António Almeida Henriques, que sublinhou a importância da plataforma Viseu Ajuda, “montada em quatro dias” para ajudar “na entrega de compras e medicamentos em casa” na cidade da Beira Alta. Já Miguel de Castro Neto destacou a “rapidez na transição digital” que tem sido conseguida neste período no sector do trabalho.

Este foi a segunda sessão do ciclo SMART Portugal Webinars, cujas sessões têm uma “periodicidade semanal” e que conta com a revista Smart Cities como media partner.