A Amazónia está arder. O pulmão da Mãe Terra mirra a olhos vistos com a desflorestação ilegal e as queimadas não autorizadas que teimam em desventrar um património que é de todos Nós. Da Humanidade. Das futuras gerações.

Em 2018, aquando da realização da 24º edição do Festival Internacional de Cinema Ambiental da Serra da Estrela, temia-se o pior. O espectro do resultado eleitoral fazia antever o que hoje é a mais dura e cortante das realidades. Mesmo para quem vive noutro país, que não o Brasil e sem qualquer laivo de intromissão na soberania de um país.

Mas o facto é que se assiste à destruição do bioma Amazónia e, consequentemente, a aniquilação dos direitos dos povos indígenas, a usurpação das terras nativas e das unidades de conservação estão a ser subtraídas a olhos vistos e à luz da impunidade. Com uma voracidade alarmante. As estatísticas revelam que, comparativamente com o ano passado, no Brasil, o número de fogos cresceu 82%. O bioma mais afetado é, claro, a Amazónia. Este é o legado da chamada Era do Antropoceno. Um legado economicista. O divórcio entre o Homem e a Natureza.

Num discurso emotivo no I Fórum Internacional de Festivais de Cinema de Ambiente, em Seia, Ailton Krenak, escritor, pensador ambiental e uma das mais importantes vozes dos direitos indígenas, alertava para a consciencialização das massas face ao rumo político do Brasil. No momento em que escrevo este artigo, a Amazónia arde há mais de 10 dias! Estamos em pleno agosto de 2019 e o cenário é de calamidade. Há quem já fale em “Holocausto Ambiental”. Exagerado?

A ONU está preocupada, e de muitas partes do mundo, que não só do Brasil, emergem preocupações e manifestações.

Certo é que os dias pereceram e deram lugar à fumaça e a noites forçadas em várias cidades brasileiras. Dias tristes estes que se avizinham nos “Trópicos”. O verde aos poucos vai sendo substituído por um manto negro. Mas, como vaticina o livro de Ailton Krenak, é preciso adiar o fim do mundo. Como? Com a Educação das Gerações que hoje assistem à calamidade e sabem que algo tem de ser feito e assumido JÁ.

A juventude da Emergência Climática encabeça um movimento que deve ser abraçado por todos nós. Até pela Geração que tudo sabe e nada fez! Curiosamente, na edição em que comemoramos 25 anos de CineEco assistimos ao pior dos episódios ambientais à escala planetária. Estaríamos longe de imaginar que, no ano em que idealizamos um Festival Internacional de Cinema Ambiental, em 1995, a nossa missão de consciencialização e papel de Educação das camadas jovens seria ainda mais premente. Não nos passava pela cabeça que iríamos chegar a este patamar de Emergência Climática em 2019. Na verdade, estamos numa situação limite em quase todas as frentes, como aliás testemunham as centenas de filmes e documentários ambientais que nos chegam de todo o mundo.

O CineEco tem mostrado ao longo das suas 25 edições, ser um instrumento fundamental para a Educação Ambiental. Somos durante uma semana o grande ecrã do mundo e da crise ambiental que chegou a uma situação perto do irreversível. Com a exibição de centenas de filmes apresentados ao longo da nossa história encontrámos a nossa missão e a melhor forma de contribuir para a mudança, valorizando a maneira como pensamos e agimos em relação ao nosso planeta.

Como um dos mais antigos Festivais do mundo dedicado ao Cinema de temática ambiental, assumimos pois a nossa responsabilidade e empenho em mudar. Por mais 25 anos ou mais… até quando a Terra permitir e a Humanidade acordar.

Nunca é tarde para AGIR!

 

 

Foto: ©NASA

 

As opiniões expressas são da responsabilidade dos autores e não reflectem necessariamente as ideias da revista Smart Cities.