A FIL – Feira Internacional de Lisboa prepara-se para receber, entre 10 e 12 de Outubro, mais uma edição do Portugal Smart Cities Summit. Durante estes três dias, volta a ser um ponto de encontro privilegiado para o sector, ao juntar empresas, municípios, entidades públicas e privadas, instituições de investigação e ensino superior, entre outros agentes. Entrevistado pela Smart Cities, Miguel Anjos, gestor do evento, destaca as principais novidades e as expectativas para esta 9.ª edição, lembrando a importância que o evento tem para os municípios e para a internacionalização das empresas.
Quais são os principais destaques e as novidades da 9.ª edição do Portugal Smart Cities Summit?
Um dos grandes destaques será seguramente a realização da 1.ª edição do Prémio Portugal Smart Cities Summit – António Almeida Henriques. Este prémio será atribuído anualmente e tem como objectivo distinguir e premiar diferentes propostas e projectos de ecossistemas de inovação e implementação de práticas inteligentes em comunidades intermunicipais, municípios nacionais e juntas de freguesia, orientados pela implementação com sucesso de projectos sustentáveis e eficientes e pela criação de soluções de inteligência urbana. Com esta iniciativa, a Fundação AIP [entidade organizadora] presta uma justíssima homenagem a António Almeida Henriques, cujo contributo para este evento e para a discussão e para o fomento do conhecimento relacionado com políticas de smart cities foi de crítica importância.
A apreciação de candidaturas e projectos apresentados será feita por um júri presidido pelo Professor Doutor Miguel de Castro Neto, director da NOVA Information Management School, da Universidade Nova de Lisboa, e compreende igualmente outras entidades/personalidades de reconhecido mérito na temática das smart cities. As candidaturas já estão disponíveis e serão feitas através do website oficial do evento – https://portugalsmartcities.fil.pt/.
O Portugal Smart Cities Summit tem o Alto Patrocínio de Sua Excelência, o Presidente da República. Importa igualmente nesta 9.ª edição a vertente internacional, na medida em que estão confirmadas várias presenças estrangeiras, com especial destaque para expositores provenientes de países como China, Hungria e Taiwan, entre outros. Estão ainda previstas visitas de delegações empresariais internacionais, bem como de diversas representações oficiais de outros países que aproveitam este evento para demonstrarem as suas boas práticas, para contactarem empresas e outras entidades e para estabelecerem eventuais parcerias.
Esta edição regista um forte crescimento na procura por parte de empresas expositoras que pretendem dar visibilidade aos seus produtos ou às suas soluções e respectivas aplicações no conceito smart cities, registando-se um incremento de 25% face à última edição. Esta realidade corresponde a um claro crescimento do mercado das soluções para as smart cities, muito motivado pela procura das nossas autarquias, que cada vez mais investem em projectos inovadores que conduzam a uma melhoria da qualidade de vida das suas populações.
O Portugal Smart Cities Summit tem-se afirmado como um importante agente na implementação das cidades inteligentes em Portugal. Quais as mais-valias que os municípios podem retirar do evento e, em particular, desta edição?
A presença dos municípios tem várias vertentes. [Estes] Participam na exposição apresentando as soluções tecnológicas já implementadas no seu território ou os projectos em curso com vista à integração de soluções sustentáveis e que permitam o desenvolvimento do conceito
smart cities. Desta forma, estão igualmente a apostar no posicionamento do seu território e no aumento da sua competitividade para atraírem investidores e contribuírem para o desenvolvimento económico e para a criação de emprego.
Os municípios são actores económicos fundamentais no contexto das smart cities e a sua presença representa uma oportunidade ímpar para as empresas participantes apresentarem o seu portfólio de produtos e serviços aos principais decisores das autarquias. Os municípios encontram, neste evento, soluções específicas para a sua realidade e para as suas necessidades, que, muitas vezes, se constroem através do estabelecimento de uma rede de parcerias e de network com outros participantes no evento.
Que oportunidades diferenciadoras traz o evento para as empresas? Poderá significar um primeiro e decisivo passo rumo à internacionalização?
A internacionalização é uma das grandes apostas do evento. Assim, a presença de expositores e visitantes internacionais permite perspectivar a concretização de negócios noutros mercados nas diversas áreas ou nos múltiplos sectores que se encontram na cadeia de valor, como governação, IT [Tecnologias de Informação] e IoT [Internet das Coisas], mobilidade, água, energia, resíduos, ambiente, cibersegurança ou saúde e bem-estar. De referir que estes sectores estão presentes não só na área de exposição, como também nas conferências que contam com a participação de reputados especialistas nacionais e internacionais. Estão, assim, criadas as condições para que, uma vez mais, este evento seja o grande marketplace do sector, como demonstrou o inquérito de satisfação dirigido aos expositores da edição anterior – e no qual 80% dos inquiridos consideraram que a participação na edição de 2022 teve um impacto positivo nos seus negócios.
A promoção de sinergias entre cidades, território, indústria, instituições académico-científicas e outros agentes do sector é um dos principais objectivos do evento. Tem conhecimento de se terem estabelecido muitos acordos e parcerias ao longo das últimas edições e de quais os resultados obtidos?
Nos inquéritos que realizámos após o evento, registámos um elevado grau de satisfação dos diversos participantes, sejam expositores ou visitantes, o que prova que o modelo se tem revelado eficaz. Neste inquérito, 96% das empresas participantes afirmaram que atingiram os objectivos da sua participação e 63% identificaram oportunidades de negócios concretizáveis a seis meses; 81,5% afirmaram estar satisfeitas com a representatividade do evento e 91,8 % consideraram estar satisfeitas com o perfil do visitante.
Estes são indicadores que naturalmente indiciam o potencial de desenvolvimento de sinergias e parcerias. O reflexo do potencial de alavancagem do Portugal Smart Cities Summit é a participação de pequenas e médias empresas que deram a conhecer a sua actividade e o seu potencial ainda em fase de start-ups em edições anteriores.
“A internacionalização é uma das grandes apostas do evento. Assim, a presença de expositores e visitantes internacionais permite perspectivar a concretização de negócios noutros mercados.”
Além de reunir os diversos stakeholders e de debater os principais temas e as tendências do sector, que elementos atractivos tem o evento para o público em geral, nomeadamente para quem não está ligado profissionalmente à área?
O desenvolvimento do conceito smart cities contém, em si, uma dimensão de responsabilização e desenvolvimento que a todos diz respeito. É, por isso, de grande relevância, além da dimensão que envolve stakeholders mais institucionais e profissionais, a presença e o envolvimento dos cidadãos. Isto permite reforçar o seu envolvimento no desenvolvimento e na implementação de políticas de smart cities nos territórios. Como tal, convidamos todos a consultarem o programa em portugalsmartcities.fil.pt e a visitarem este evento de 10 a 12 de Outubro na FIL.
Dos temas em debate nas conferências, quais poderão ter mais pertinência e suscitar mais interesse face à actual conjuntura internacional e às transições que o mundo e as cidades atravessam?
O programa de conferências, como é conhecido, cobre uma vasta área de temas, cuja importância vai muito além da conjuntura internacional face à natureza estrutural que lhe está subjacente. Não podemos, todavia, ignorar que o actual contexto internacional veio reforçar a
necessidade de se identificarem e implementarem novas soluções no que respeita ao contexto energético, que é transversal e impacta todas as outras áreas em discussão no Portugal Smart Cities Summit.
Este artigo foi originalmente publicado na edição nº 40 da Smart Cities – Julho/Agosto/Setembro 2023.